Teria F. Chopin sofrido de Fibrose Cística?

Instituto Unidos pela Vida - 24/04/2015 12:08
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Frédéric Chopin

Aqui no Instituto Unidos Pela Vida nós acreditamos na máxima de que “a Fibrose Cística é parte do que somos, não o limite do que podemos ser”. Constantemente, divulgamos aqui no portal histórias de pessoas com feitos incríveis e que têm FC, o que só reforça a nossa crença.

Há alguns dias, Matheus Kahakura Franco Pedro, estudante do último ano de Medicina da UFPR, publicou na revista científica da sua instituição um relato de caso a respeito da possibilidade de o pianista e compositor polonês Frédéric Chopin ter Fibrose Cística. Apesar de todos os sintomas apresentados pelo compositor indicarem a FC, os médicos da época (século XIX) concluíram que ele tinha tuberculose.

No início desta semana, durante a abertura do V Congresso Brasileiro de Fibrose Cística, o Dr. Francisco Reis, Presidente do Grupo Brasileiro de Estudos em Fibrose Cística (GBEFC) também comentou sobre a suspeita de Chopin apresentar a doença.

Para que você conheça mais sobre a história de Frédéric Chopin e também analise a possibilidade de o compositor e sua família apresentarem Fibrose Cística, Matheus Kahakura disponibilizou o seu relato de caso “Teria F. Chopin sofrido de Fibrose Cística? Revisão Histórica” ¹ aqui no site do Instituto Unidos Pela Vida.

Leia o material aqui.

Também fizemos uma pequena entrevista com o estudante de Medicina a respeito das suas motivações de estudar a Fibrose Cística e o compositor polonês. Confira:

De onde surgiu a ideia de fazer um estudo sobre o Chopin e a Fibrose Cística?

A ideia surgiu do meu interesse por música clássica. Existem muitos estudos sobre personalidades musicais do passado e suas patologias, principalmente quando são doenças mais raras. Com isso, tive interesse em revisar e publicar sobre o caso de Chopin, tendo dois alvos: trazer com uma vinheta histórica a doença, o que chama a atenção de estudantes e médicos e nos desafia a revisar e atualizar nossos conhecimentos sobre a patologia, e apresentar para pacientes e familiares uma personalidade que viveu o que eles estão vivendo, e a forma com que ela lidou com a Fibrose, incluindo o legado maravilhoso composto por Chopin.

Antes de entrar na faculdade, você já tinha ouvido falar em Fibrose Cística?

Infelizmente, não; o meu primeiro contato com a patologia foi no primeiro ano da faculdade, na disciplina de Fisiologia Médica. Depois a estudamos em vários momentos nas matérias Pneumologia e, principalmente, na Pediatria. A incidência baixa da doença, comparada a outras afecções pulmonares da infância, significa que em plantões e ambulatórios gerais acabamos treinando o atendimento e diagnóstico de outras patologias antes. Felizmente, nós participamos e atendemos em um ambulatório específico para FC, o que permite muito o nosso crescimento no manejo do paciente e da doença.

Na sua percepção, qual é a importância de os estudantes de Medicina conhecerem a fundo a doença?

Uma máxima da Medicina é que “só se acha o que se procura, mas só se procura o que se conhece”. Confrontados com os sinais e sintomas muitas vezes inespecíficos da Fibrose Cística, o estudante e o médico só irão incluir a doença no diagnóstico diferencial se tiverem conhecimento profundo para reconhecer a doença. Quanto mais a doença for estudada pelo aluno, mais ela se torna uma entidade que ele é capaz de considerar quando frente a frente com o paciente.

Conte um pouco sobre a sua experiência musical

A música clássica foi uma constante em minha vida; é um universo gigantesco e variado para se conhecer e ouvir. Aos nove anos iniciei estudos de piano e aos doze, de oboé. Uma das maiores realizações que tive foi participar da Orquestra Filarmônica da UFPR de 2009 a 2012, até que a faculdade tornou impossível continuar a tocar lá. Inclusive, o melhor concerto em que já toquei foi comemorativo dos 200 anos do nascimento de Chopin, em que tocamos seu Concerto para Piano nº 2. Foi daqueles momentos em que tudo dá certo, os músicos têm confiança total uns nos outros e a música pode fluir como se estivesse sendo composta naquele momento. Um sonho paralelo à Medicina é poder aprender um novo instrumento após me formar.

Depois de analisar a possibilidade de Chopin ter Fibrose Cística, só podemos falar uma coisa: conhecer os sintomas da FC é fundamental para que os grandes talentos que estão surgindo hoje em dia possam ser tratados adequadamente e terem feitos incríveis assim com o compositor e pianista polonês. Topa nos ajudar nesse desafio? 😉

Referências:

¹ Pedro, MKF. Teria F. Chopin sofrido de fibrose cística? Revisão histórica. Revista Médica da UFPR. 2015;6(1):39-42

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