Transplante Pulmonar na Fibrose Cística – Visão Mundial

Instituto Unidos pela Vida - 01/05/2014 10:58

Por Vanessa Nicolete, Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Sagrado Coração; Especialista em Imunologia e Moléstias Infecciosas, no Laboratório de Doenças Tropicais da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho de Botucatu; Mestre pelo Departamento de Biologia da Relação Patógeno-Hospedeiro do ICB da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo; Doutoranda do Laboratório de Epidemiologia Molecular da Malária, ICB, USP e fez Doutorado Sanduíche no Exterior (SWE) na Case Western Reserve University, Cleveland, Ohio, Estados Unidos, sob supervisão do Professor Dr. Christopher King. Vanessa também tem Fibrose Cística.

Você sabia que nos EUA, no ano de 2011, foram realizados 1.700 transplantes de pulmão? De acordo com a CF Foundation Patient Registry, desde 1991, 2.800 pacientes com FC fizeram seu transplante pulmonar. Nos últimos 5 anos, cerca de 150 a 200 pessoas com FC foram transplantas por ano, nesse país.
O sucesso de um transplante é medido através da média de sobrevida após a cirurgia. Acima de 80% daqueles que fizeram o transplante (e tinham FC) sobreviveram ao primeiro ano, considerado o mais crítico e, mais de 50% sobreviveram mais de 5 anos. Após a cirurgia, a pessoa pode sair do hospital em poucos dias, semanas ou até meses, dependendo da sua saúde ou caso ocorra alguma complicação.
Pessoas com FC nos Estados Unidos geralmente ficam bem após o transplante – bem melhor do que outras pessoas com outras doenças pulmonares.
No Reino Unido (formado pela Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales), a lista de espera dura em média 412 dias para um adulto. Quando são adicionadas à lista, as pessoas desses países comumente necessitam de suporte de oxigênio extra e tem que suportar um fardo pesado de tratamento para mantê-los vivos. Estatísticas apontam que se não houvesse o transplante, essas pessoas não viveram mais do que dois anos. Infelizmente, um a cada três adultos morrem antes de realizar a cirurgia.
Nesses países, a fibrose cística é a terceira maior razão de transplante pulmonar e mais uma vez, o maior índice de sobrevida após o procedimento (acima de 60%). Provavelmente pelo fato dos transplantados serem jovens e por uma melhor aceitação desses pacientes ao tratamento.
Menos de 25% dos pulmões de doadores após morte cerebral do Reino Unido são aproveitados. Isso acontece porque 75% do total enviado para transplante não se encontra em um bom estado clínico.  Sendo assim, um grande contingente de pulmões acaba não sendo utilizado.
O Reino Unido possui uma das taxas mais altas de recusa da família para doação de órgãos do mundo ocidental.
E no Brasil?
No ano de 2013 foram realizadas 80 cirurgias dessa natureza e a maioria com doadores mortos (76). Os estados que fazem esse tipo de transplante são: SP (líder do raking de transplantes), seguido do RS (que realiza transplante entre vivos), Ceará, Distrito Federal e Minas Gerais.
O número de cirurgias do ano passado foi o maior em 10 anos. Existe no país 7 equipes de transplante atuantes.
No final de 2013, haviam 187 pessoas na lista de transplante pulmonar: 109 deles se encontravam em SP e 61 no Rio Grande do Sul.
A maioria dos doadores de órgãos em SP era de sexo masculino. A causa de óbito, na maioria foi AVC. A maior faixa etária era dos 50 aos 64 anos, a segunda era dos 35 a 49 anos. A maioria pertencia ao grupo sanguíneo O, seguido de A.
Após o transplante, a pessoa ainda continua com Fibrose Cística, embora os novos pulmões não tenham a doença. Porém, devido ao uso de imunossupressores, o novo pulmão tem uma queda na habilidade de lutar contra bactérias como P. aeroginosa e B. cepacea. Essas bactérias podem ficar no trato superior e infectar os novos pulmões. O risco de infecção é muito alto logo após o transplante, devido ao uso de imunossupressores em altas doses para que o organismo não rejeite o novo órgão. Isso é uma faca de dois cumes – pode evitar a rejeição, mas predispõe a infecções, uma vez que o organismo fica mais fraco para lutar contra patógenos.
Nem todas as equipes do Brasil enviaram todos dos seus dados, mas de acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, 57% dos indivíduos que realizaram transplante desde 2010, continuam vivos.
Fontes:
http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2013/rbt2013-parcial(1).pdf
http://www.cff.org/treatments/LungTransplantation/#When_is_it_time_for_a_lung_transplant?
http://www.cysticfibrosis.org.uk/media/443623/PAFF9%20-%20Transplant%20report%20-%20online.pdf
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.
 

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