Um recado ao meu namorado Frank, o tanque

Instituto Unidos pela Vida - 15/03/2017 08:30

Quando finalmente terminei com meu ex, Pablo, logo conheci Frank, o tanque. Embora Frank tenha sido ótimo durante todo o meu processo de espera pelo duplo transplante de pulmão, acredito que estou pronta para voltar a respirar sozinha.

Por Rima Manomaitis

Acabei de sair de uma relação muito séria. Meu ex e eu éramos muito dependentes um do outro; onde um ia, o outro também ia. Embora vivêssemos no Colorado e tivéssemos passado por muitas aventuras juntos, havia várias considerações em relação ao Pablo.

Por exemplo, ele era um tolo e fazia muito barulho. Lembro-me da primeira vez que fomos ao cinema juntos, e, nossa, como ele era barulhento. Embora vivêssemos em um estado em que se está um pouco mais próximo do sol, por causa da altitude, ele não gostava muito de ficar exposto ao sol, o que diminuía muito o tempo do meu banho de sol. E finalmente, ele era pegajoso… como cachecol apertado.

Não sei como fiquei com ele por tanto tempo. Ele sempre tinha de estar perto de mim para praticamente quase tudo, e isso começou a me deixar um pouco maluca. Com o passar do tempo, infelizmente percebi que embora Pablo me tratasse muito bem, eu precisava de mais substância e de menos cachecol apertado.

Rima-Manomaitis-Frank-and-Rima-RectangleOh! Cheguei a mencionar que o Pablo é um concentrador de oxigênio portátil?

Quando me mudei para Minneapolis no último outono, logo fui apresentada ao meu atual namorado, Frank, o tanque. Ele foi como um sopro de ar fresco. Era mais alto que Pablo e, como bônus adicional, era um pouco como uma raposa prateada.

Atualmente estou esperando pelo transplante de pulmão na Universidade de Minnesota, e Frank tem sido muito compreensivo durante todo o processo. Tenho estado no hospital há cerca de 11 semanas, e ele está aqui todos os dias, chova ou faça sol… ou mesmo quando as temperaturas ficam negativas. Nos dias em que eu não tenho vontade de sair para caminhar ou de ir à fisioterapia, ele sempre consegue me encorajar a me levantar para esticar as pernas.

Frank também é muito aventureiro e me segue pelos assustadores corredores escuros tarde da noite ou quando minha irmã não está aqui. Embora Frank seja mais introvertido, sinto como se me surpreendesse a cada dia. Em geral, Frank é um otimista que vê a vida como um tanque meio cheio.

Rima-Manomaitis-Frank-The-Tank-CollageRecentemente, contudo, tenho sentido que meu relacionamento com Frank está se tornando cada vez mais uma amizade. Tenho um pressentimento que depois do meu duplo transplante de pulmão Frank pode não mais fazer parte da minha vida. Acredito que pode ser o momento de abrir minhas asas e focar em mim mesma.

Embora eu tenha aprendido muito sobre mim mesma a partir desses dois últimos relacionamentos, acredito que cansei das parcerias de codependência. Não me entendam mal – sou grata ao Frank, o tanque, por todo o apoio que ele me dedica, mas estou pronta para respirar sozinha com meus novos pulmões.

Caso você esteja querendo saber do Pablo, ele está morto no fundo do meu armário. Você sabe como é… se você não mantiver a carga nos concentradores de oxigênio portáteis, eles perdem a essência.

Talvez no próximo Dia de São Valentim (o Dia dos Namorados em muitos países), estarei compartilhando chocolates com meus dois novos “airbags” (pulmões).

Rima Manomaitis: Adulta com FC. Rima foi diagnosticada com fibrose cística em torno dos quatro meses de idade. Graduada pela Franklin Pierce University, ela obteve o grau de bacharel em Ciências Ambientais. Atualmente está impossibilitada de trabalhar, por isso concentra todo o tempo na própria saúde. Ela está na lista para o duplo transplante de pulmão na Universidade de Saúde de Minnesota, em Mineápolis, e depois do transplante planeja voltar para o Colorado. 

Fonte: https://www.cff.org/CF-Community-Blog/Posts/2017/An-Ode-to-My-Boyfriend-Frank-the-Tank/

Traduzido por Vera Carvalho: Voluntária de Tradução de Textos do Instituto Unidos pela Vida. Vera tem formação em história social com mestrado voltado ao abandono de crianças. Foi gerente de informação na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, onde recebeu as primeiras demandas por traduções de textos acadêmicos e científicos. A tradução tornou-se a sua principal atividade profissional há treze anos.

Nota importante: As informações deste texto têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com sua equipe multidisciplinar, eles poderão esclarecer todas as suas perguntas!

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