Vacinação contra a Covid-19 – Série Especial Coronavírus

Comunicação IUPV - 28/01/2021 10:22

Em 17 de janeiro de 2021 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial de duas vacinas contra a Covid-19: a da Oxford-AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Fiocruz, e a Coronavac da Sinovac, desenvolvida em conjunto com o Instituto Butantan. Este foi, sem dúvidas, um dia histórico e de muita alegria para toda a população brasileira, marcando o início da vacinação no país.

Mas além da euforia, a aprovação também trouxe muitas dúvidas entre toda a população, principalmente em relação aos grupos prioritários e a segurança das vacinas. Por isso, o time do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística preparou este material com respostas gerais sobre o tema.

Importante: para a produção deste conteúdo a equipe do Instituto usou como referência as informações transmitidas na live sobre o tema realizada pela Clínica de Doenças Respiratórias Avançadas em 18 de janeiro de 2021, e que contou com a participação dos pneumologistas Dr. Rodrigo Athanazio, Dra. Carolina Salim e Dr. Alexandre Kawassaki. Além disso, este texto foi produzido em 26 de janeiro de 2021, portanto, é possível que no momento da sua leitura algumas informações tenham sido atualizadas.

Quem faz parte do grupo prioritário neste início de vacinação?

A última atualização do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 feita pelo Ministério da Saúde prevê a aplicação da vacina em 77,2 milhões de pessoas dos grupos prioritários. Nesta primeira etapa, serão vacinados os profissionais da saúde que atuam na linha de frente no enfrentamento da doença, pessoas idosas com mais de 60 anos e que residam em instituições de longa permanência, indígenas que vivem em terras indígenas e pessoas com deficiência vivendo em instituições. Após a vacinação desses indivíduos, conforme a disponibilidade de novas doses da vacina no país, novos grupos serão incluídos.

“Não há dúvidas de que pessoas com doenças crônicas, como a fibrose cística, em algum momento irão se encaixar no grupo prioritário para receber a vacinação. Isso acontece inclusive durante o período de vacinação contra a gripe anualmente, porém, no cenário da Covid-19, o principal fator de risco é a idade, por isso, os grupos mais idosos deverão ser priorizados. Existe uma indicação de que os grupos com pessoas que apresentam comorbidades vão ser prioridade quando a vacinação entre as indivíduos com mais idade for finalizada, mas isso ainda será definido em etapas futuras”, afirmou o Dr. Rodrigo Athanazio, médico assistente da disciplina de Pneumologia do InCor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Quem já teve a doença deve se vacinar?

Sim. De acordo com o Dr. Rodrigo, não é possível saber de maneira exata o grau de imunidade que o corpo da pessoa que já teve Covid-19 apresenta após a contaminação. “É seguro, não há problema nenhum em tomar a vacina após ter a doença. Em termos de saúde pública, é impossível conferir quem já teve ou não, por isso, quando chegar a sua vez, vacine-se. Acredita-se que a vacina dê uma imunização ainda maior do que a própria infecção. Ou seja, mesmo quem já teve, poderá ter um aumento de anticorpos, o que trará uma proteção por ainda mais tempo.”

A partir de que idade está liberada a vacinação?

Por enquanto, pessoas a partir de 18 anos poderão se vacinar.

Crianças e adolescentes com doenças raras devem se vacinar?

Estudos sobre a eficácia da vacina entre crianças e adolescentes ainda estão sendo desenvolvidos mundialmente, porém, ainda não há nada certo sobre os efeitos da vacinação nessas faixas etárias. Por isso, por enquanto, esses grupos não entraram no grupo prioritário de vacinação.

“Considerando a tecnologia de desenvolvimento das vacinas, acredita-se que não haverá problemas que impeçam pessoas dessas faixas etárias de se vacinarem, porém, ainda não há indicação para esses grupos. Neste cenário, precisamos pensar em dois pontos: o que é permitido e liberado no país e qual a opinião dos profissionais da saúde sobre a segurança para a vacinação desses grupos. Existe algum receio para crianças e adolescentes? Não. Acredita-se que não haverá nenhuma contraindicação, porém, não está autorizado no momento porque os estudos iniciais não foram direcionados para essa população, que tem uma legislação própria. Ou seja, não há uma preocupação maior sobre segurança, mas crianças e adolescentes, independente de terem uma doença rara ou não, não serão vacinados enquanto não tiverem resultados expressivos sobre. O que sabemos é que estão sendo feitos estudos para verificar esses aspectos e, por isso, devemos ter respostas em breve”, afirmou Dr. Rodrigo.

Pessoas com fibrose cística podem ser vacinadas?

De acordo com o Dr. Rodrigo, não existe até o momento nenhuma contraindicação para uso das vacinas contra a Covid-19 que já estão disponíveis ou que ainda serão aprovadas por pessoas com fibrose cística. “É importante lembrar que o nosso maior problema acontece com vacinas que fazem uso de vírus vivo atenuado, e atualmente nenhuma das que estão sendo aplicadas ou em desenvolvimento é desse tipo. Por isso, é possível se vacinar com segurança. Até o momento, todas as comorbidades estão autorizadas para a vacinação.”

Qual é a melhor vacina?

Durante a transmissão, o Dr. Rodrigo Athanazio também deixou claro que, no momento, a melhor vacina contra a Covid-19 é a que temos disponível para ser utilizada. “É preciso ter cuidado quando pegamos um dado científico e divulgamos entre a comunidade leiga geral e que não está avaliando todos os detalhes. Até para os profissionais da saúde é complicado falar profundamente sobre os dados das vacinas pois eles ainda não foram publicados integralmente, mas isso não significa que eles não são válidos pois é sempre assim: primeiro os dados são enviados para a agência regulatória e depois são publicados para a comunidade científica. É importante lembrar que a definição do que é um caso muda de um estudo para o outro, o que faz toda a diferença na taxa de eficácia de uma vacina. Ou seja, isso não quer dizer que uma vacina com maior taxa seja exatamente melhor que as outras. Aqui o importante é termos em mente que quanto mais pessoas estiverem vacinadas, maior será a proteção para toda a população, independente de qual seja a vacina. Neste sentido, a melhor informação que precisamos ter sobre o assunto é: todas as vacinas são seguras, eficazes e quanto mais pessoas se vacinarem, melhor.”

Os cuidados devem seguir mesmo após a vacinação?

Sim! É fundamental que todas as pessoas sigam com os cuidados de higiene para evitar a transmissão e contaminação mesmo após tomar a vacina. “Ainda será um ano complicado, mas vai melhorar gradativamente conforme as pessoas forem vacinadas, chegando ao ponto em que possamos voltar com a rotina normal. Até lá, é importante continuar utilizando máscara, álcool em gel, evitando aglomerações e optando pelo distanciamento social”, disse Dr. Rodrigo.

É possível tomar mais de uma vacina?

Dr. Alexandre afirma que não existem dados que mostrem que tomar mais de uma vacina é seguro ou não, mas considerando a forma de desenvolvimento das vacinas, acredita-se que não haverá problema. “Isso ainda será avaliado futuramente. Neste momento, é importante ter em mente que a aprovação do uso emergencial da vacina permite que ela seja aplicada somente no Sistema Único de Saúde (SUS). Ou seja, grandes clínicas e hospitais particulares não estão liberados para aplicar. Acredita-se que para que toda a população seja vacinada, ainda levará algum tempo, por isso, caso outras vacinas sejam liberadas, elas serão aplicadas primeiramente em pessoas que ainda não tomaram nenhum tipo de vacina, o que aumentará o tempo de espera para quem busca tomar mais de uma.”

De quanto em quanto tempo será preciso se vacinar?

Ainda não se tem informações sobre esse assunto. De acordo com o Dr. Rodrigo, mesmo com a liberação da utilização da vacina para uso emergencial, após a comprovação da eficácia, as pessoas que foram voluntárias nos estudos seguirão sendo acompanhadas justamente para que seja definido quanto tempo irá durar a imunidade e a necessidade de reforço.

Gestantes e lactantes devem se vacinar?

Infelizmente, a segurança e a eficácia das vacinas contra Covid-19 ainda não foram avaliadas em gestantes e lactantes, por isso, a vacinação entre pessoas desses grupos é contraindicada no momento.

Em breve o Unidos pela Vida trará mais informações sobre a vacinação contra a Covid-19 e conteúdos específicos para a comunidade da fibrose cística do Brasil. Fique ligado em nosso site e mídias sociais. Aproveite para conferir a live realizada pela Clínica de Doenças Respiratórias Avançadas no link abaixo:

Por Kamila Vintureli

Referências:

https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/janeiro/25/planovacinacaocovid_v2_25jan21.pdf

https://portal.fiocruz.br/noticia/covid-19-anvisa-autoriza-uso-emergencial-da-vacina-da-fiocruz

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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