Depressão e Fibrose Cística

Instituto Unidos pela Vida - 20/10/2016 18:07

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico.  Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.
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Sabemos que a rotina de conviver com fibrose cística (FC), ou com qualquer outra doença crônica,  podem deixar uma pessoa triste justamente pela rotina ser complexa. Estes sentimentos podem oscilar enquanto a doença está controlada, ou quando acontecem mudanças no quadro de saúde. Tristeza é um sentimento que todos nós podemos ter, quando alguma coisa que não nos agrada acontece.
Mas, a depressão é diferente. Ao contrário da tristeza normal, a depressão clínica pode durar semanas, meses e até anos se não for tratada corretamente. Pessoas com depressão podem passar por períodos longos sentindo-se sem esperança, desinteressada pelas coisas que normalmente apreciavam, sem vontade de sair, encontrar os amigos, entre outros.
Alguns pesquisadores constataram que pessoas com FC e parentes que cuidam de crianças com FC estão mais suscetíveis a depressão do que a população geral, tal qual pessoas com outras doenças crônicas e seus familiares. Se não for tratada, a depressão pode afetar tanto a saúde física quanto emocional, e interferir diretamente nos cuidados consigo ou com os seus filhos.
Os pesquisadores também revelaram que pessoas com depressão sem tratamento cuidam menos de seus tratamentos; tendem a possuir uma função pulmonar pior; possuem um índice de massa corporal (IMC) mais baixo; passam por mais internações; gastam mais com custos médicos e possuem uma qualidade de vida não tão boa.
Sintomas:
Saber se alguém possui depressão clínica não é uma tarefa fácil. Alguns sintomas, tais como fadiga ou perda de peso, também podem ser sintomas de FC. Por isso, é fundamental que você seja sempre acompanhado pela sua equipe médica, mas também por um psicólogo.
Caso um dos seguintes sintomas persistam após duas semanas, é necessário avaliar com um especialista a existência ou não de depressão:

  • Tristeza generalizada;
  • Falta de energia;
  • Sentimento de falta de esperança ou de inutilidade;
  • Perda de prazer em atividades ou interesses;
  • Problemas de concentração;
  • Choro incontrolável;
  • Problemas em fazer decisões;
  • Irritabilidade;
  • Dormir excessivamente;
  • Problemas em manter o sono;
  • Dores inexplicáveis;
  • Problemas digestivos;
  • Perda de interesse sexual;
  • Dores de cabeça;
  • Perda de apetite;
  • Ganho ou perda de peso excessivos;

Nestes casos, não é legal tentar melhorar sozinho, ou adiar a visita à um profissional (como um psicólogo, ou um psiquiatra). Isto pode só piorar a situação tanto para o paciente como para as pessoas ao seu redor. Hoje em dia existem tratamentos bem efetivos para a depressão que podem te ajudar, então não espere para pedir por ajuda!  
Se você acha que você ou alguém que você conhece está com depressão, converse com seu médico ou com alguém da equipe médica. Depressão é uma doença que se não for tratada pode afetar seriamente o bem-estar emocional e a saúde em geral.
Conversando com os médicos em suas consultas diárias você pode também prevenir a depressão. Conte como você se sente antes que esses sentimentos interfiram no seu dia-a-dia. Converse sobre qualquer dificuldade que tenha quando enfrenta novos tratamentos ou quando lida com mudanças. Fale também sobre suas dúvidas e demais medos. Conversar é sempre um ótimo remédio!
Verifique se na sua equipe multidisciplinar há apoio preventivo e triagens para ajudar a identificar a depressão e ajudar no início do tratamento. Esse tratamento vai depender da severidade da doença, e pode incluir ajuda de profissionais na área, que podem aconselhar psicoterapia, medicamentos ou uma combinação dos dois.
“Muitas pessoas acham que procurar ajuda significa que eles são fracos. Não quer dizer que você é fraco, significa que você é forte. Só uma pessoa forte pode pedir ajuda para melhorar.” Andy Lipman, 41.
O que pode aumentar os riscos para depressão?
Depressão é uma doença complexa e a causa exata não é conhecida. Alguns fatores podem aumentar o risco para depressão, incluindo:

  • Abuso físico ou emocional
  • Uso de certos medicamentos
  • Histórico familiar
  • Conflitos pessoais
  • Morte ou perda emocional
  • Eventos significativos, mesmo sendo positivos
  • Abuso de substância (quase 30% das pessoas com depressão abusam álcool ou drogas)

Como a depressão é identificada?
Quando identificada as causas, o tratamento é geralmente efetivo. Depois do tratamento, há habilidades que você pode aprender ou ensinar para seus filhos, visando prevenir o retorno dos sintomas.
Algumas pessoas acham difícil admitir que estão sofrendo por medo que estejam decepcionando sua família ou amigos. Pelo contrário: pedir ajuda é um passo a mais em direção a melhora! Depressão pode ser tratada com sucesso, mas somente se os sintomas são identificados corretamente.
Como a depressão é tratada?
De acordo com os pesquisadores, o tratamento para depressão é altamente eficaz, com cerca de 80% das pessoas com depressão respondendo bem a ele. O tratamento depende de quão grave é a doença, e pode incluir psicoterapia, medicamentos ou ambos.
Psicoterapia
Na psicoterapia, você se encontra com um profissional especialista em depressão para discutir seus problemas e trabalhar em direção a uma solução. Alguns tipos de psicoterapia para tratar depressão incluem terapia cognitivo-comportamental (TCC). A TCC pode lhe ajudar a identificar e mudar pensamentos irreais e prejudiciais. Após identificar esses pensamentos, comportamentos e emoções, você os desafia e substitui por pensamentos mais positivos. Há também outras linhas da Psicologia que poderão ser utilizadas nestes casos. O importante é participar efetivamente do tratamento, ir às sessões agendadas e realizar o que é combinado entre uma sessão e outra.
Medicamentos
medicamentosOs medicamentos são tipicamente prescritos por um psiquiatra, um médico especialista em identificar e tratar doenças mentais. Medicamentos podem ajudar a trazer o equilíbrio dos químicos no cérebro, também chamados neurotransmissores. Esses neurotransmissores, como dopamina e seretonina, são químicos que mandam sinais entre células nervosas. Quando desbalanceados, eles podem afetar seu humor negativamente. Uma classe comum de antidepressivos são os  inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS ou SSRI). ISRS previnem a reabsorbção de seretonina, o que pode aliviar os sintomas da depressão.
Medicamentos contra depressão começam a agir dentro de uma ou duas semanas, mas você pode não perceber os efeitos por 2 a 3 meses. Se você não sentir melhoras após várias semanas, converse com seu médico. Ele pode ajustar a dosagem ou prescrever medicamentos alternativos. Para pacientes com um nível de depressão mais grave, que não apresentam melhoras com a psicoterapia ou os medicamentos, uma combinação dos dois pode ser recomendada.
Coordenação dos tratamentos
Considerando que o tratamento para FC é complexo e envolve muitos remédios e terapias diferentes, uma conversa entre a equipe médica de FC e seu psiquiatra ou psicólogo é muito importante para evitar qualquer efeito adverso. Este acompanhamento multidisciplinar também é importante para monitorar todos os sintomas, ajustando os tratamentos e as visitas ao médico. Converse com todos os profissionais para garantir que você tenha o melhor tratamento.
Como você pode ajudar a si mesmo
Além dos cuidados indicados pelos médicos e psicólogos, você pode fazer algumas coisas para melhorar sua recuperação e prevenir recorrências:

  • Conversar com alguém que você goste e confie. Muitas pessoas com depressão se guardam e se isolam de outras pessoas
  • Passe boa parte do tempo com pessoas que te animam
  • Evite álcool e/ou drogas
  • Pratique bons hábitos na hora de dormir. Esforce-se para dormir a quantidade de horas indicadas por dia. Tente dormir e acordar em horários parecidos e evite ficar na cama quando você não está dormindo.
  • Saia de casa ou fique em contato com a natureza ao menos 30 minutos por dia.
  • Crie tempo para as coisas que você gosta! Identifique sempre algo novo para fazer – nunca é tarde demais para começar algo novo!
  • Exercite-se todos os dias! A endorfina liberada pela atividade física melhora o seu humor!

crianca-sorrindo02Apesar dessas atividades não serem substitutas para os cuidados profissionais prescritos, elas podem fazer uma diferença muito grande no seu dia a dia e no humor!
Nunca deixe de sorrir, de buscar um objetivo para sua vida e, mais do que isso: de ser resiliente! “Resiliência é a capacidade de sair de dentro de si mesmo naqueles momentos em que tudo parece estar muito ruim e encarar o mundo do lado de fora de cabeça erguida, olho no olho e com o maior sorriso que tiver em seu arsenal de sorrisos.” (J.W.Papa)
Referências:
1., 2. Quittner AL, Goldbeck L, Abbott J, Duff A, Lambrecht P, Solé A, Tiboshc MM, Brucefors AB, Yüksel H, Catastini P, Blackwell L, Barker D. Prevalence of depression and anxiety in patients with cystic fibrosis and parent caregivers: results of The International Depression Epidemiological Study across nine countries. Thorax. 2014;69:1090-1097. doi:10.1136/thoraxjnl-2014-205983

  1. American Psychiatric Association

Tradução: Thiago Arzua – Estudante de Medicina na University of South Florida, em Tampa nos EUA. Voluntário também em um laboratório de neurobiologia, com ênfase em doenças neurodegenerativas como Alzheimer’s. Foi também assistente de pesquisador em um laboratório de química sintética por mais de um ano, incluindo contribuições em artigos publicados, e diversas conferências nos EUA. Em março 2014 foi ao Peru em uma missão para ajudar comunidades carentes com programas educacionais e clínicas gratuitas. Quando no Brasil, atua como voluntário no Hospital de Clínicas de Curitiba, e no Hospital do Trabalhador.
Complementos: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira – Especialista em Psicologia Clínica (Abordagem Comportamental e Cognitiva) pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná; Psicóloga Clínica e Bacharel em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná; Gestora de Projetos Sociais certificada pela APMG Internacional; Líder Facilitadora pelo Programa Germinar de Desenvolvimento de Líderes, aplicado pelo Instituto Eco Social (SP); Fundadora e atual Diretora Geral do Instituto Unidos pela Vida; Palestrante nas temáticas Psicologia e Fibrose Cística. Já atuou como Business Partner na Kraft Foods Brasil, coordenando projetos; atuou com Recrutamento e Seleção em Consultorias de Recursos Humanos. Verônica tem Fibrose Cística. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4727539892635635
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