Covid-19 e fibrose cística: avaliação após um ano de pandemia

Comunicação IUPV - 06/05/2021 11:43

Em março de 2021 completou um ano do começo da pandemia causada pela covid-19. Mesmo com o início da vacinação no Brasil, a expectativa é de que este período marcado pelo isolamento social e uso de máscara de proteção ainda esteja longe de chegar ao fim. 

Após mais de 12 meses de pandemia, surgiu uma questão: como a covid-19 impactou a saúde das pessoas diagnosticadas com fibrose cística que contraíram o novo vírus? Quem fala mais sobre isso é o pneumologista, Dr. Rodrigo Athanazio, especialista em fibrose cística e médico assistente da disciplina de Pneumologia do InCor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“No início da pandemia estávamos com muito receio, pois sabemos que pessoas com fibrose cística tendem a exacerbar e, em alguns casos, têm uma baixa função pulmonar. Porém, a boa notícia é que, após um ano, a impressão que temos em relação ao assunto é positiva. É claro que quem tem a doença ainda deve ser considerado como integrante do grupo de risco e não queremos que os pacientes se exponham ao vírus de forma alguma. Mas, felizmente, na prática, a gente não tem visto quadros graves de pessoas com fibrose cística que tiveram covid-19. Existem alguns indivíduos transplantados que evoluíram para formas mais complicadas, mas neste cenário é preciso considerar que a imunossupressão se tornou um fator de risco maior do que a fibrose cística em si.”

Apesar das observações serem positivas, Dr. Rodrigo Athanazio reforça que essas considerações não devem ser sinônimo de relaxamento das medidas de proteção que todos estão seguindo desde que a pandemia começou.

“Até mesmo pessoas que não fazem parte do grupo de risco podem pegar a covid-19 e desenvolver a forma grave da doença, por isso, os cuidados devem permanecer. Dados internacionais, que inclusive utilizaram informações dos pacientes brasileiros, reforçam essa observação de que as pessoas com fibrose cística que se contaminaram evoluíram bem. Porém, precisamos ter um pouco de cautela na hora de avaliar esses estudos, pois além da comunidade das doenças raras ser muito organizada e estar se cuidando bastante, temos poucos casos quando comparamos com o resto da população. Por isso, é necessário ter cautela para não generalizar esses dados. De qualquer forma, como profissionais da saúde, ficamos um pouco mais seguros ao perceber que, após um ano, tivemos poucas evoluções para situações graves. Para seguir dessa forma é preciso continuar usando máscara, optando pelo isolamento social, higienizando muito bem as mãos e seguindo todos os outros cuidados que agora fazem parte do nosso dia a dia.”

Ana Júlia Mazziero tem 19 anos e foi diagnosticada com fibrose cística com um ano e meio de vida. Ela teve covid-19 em 2020 e afirma que, quando começou a apresentar os sintomas, acreditou que eram causados pela fibrose cística.

“No começo senti muita falta de ar, irritação na garganta e o corpo pesado. De imediato entrei em contato com a minha pneumologista e ela solicitou que eu fizesse o teste para verificar se eu estava ou não com covid-19. No começo relutei um pouco em sair de casa para fazer, pois ninguém do meu convívio teve contato com alguém diagnosticado com a doença, mas resolvi seguir a orientação e fazer. Quando o resultado saiu, fiquei muito surpresa: foi positivo. Todo mundo ficou muito preocupado e se questionando como eu poderia ter sido contaminada, já que estou em isolamento social, mas, felizmente, ao receber a notícia eu já estava me recuperando muito bem e sem nenhum dos sintomas apresentados inicialmente.”

É fundamental que toda a população, incluindo as pessoas com fibrose cística, continuem seguindo todos os cuidados para evitar a contaminação contra a covid-19. O uso de máscara, o distanciamento social, a higienização das mãos e o uso de álcool em gel ainda são cuidados importantes e que não devem ser dispensados. Além disso, se puder, lembre-se sempre: fique em casa! 

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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