Celebrando o inesperado: O lado bom das internações hospitalares

Comunicação IUPV - 27/12/2018 09:02

Por Caleigh Haber
A vida pode mudar num piscar de olhos. Num momento você está viajando de férias, e no momento seguinte você está sendo encaminhado a um hospital por uma equipe de emergência. Ser hospitalizado às pressas é sempre estressante e angustiante. Gera sentimentos de culpa, incerteza, medo, frustração e às vezes raiva. Mas no meio de toda essa negatividade, a situação também mostra a você uma perspectiva maravilhosa do mundo.
Eu já passei por várias hospitalizações inesperadas – Dei entrada no pronto-atendimento em horários estranhos, e fui para a consulta de acompanhamento confiante de que voltaria para casa, só para receber a notícia de que deveria ser internada.  Todo ser humano é único, mas, embora sejamos únicos, posso garantir que uma internação surpresa nunca é bem-vinda.
Os dias de consulta de acompanhamento frequentemente começam agitados. É necessário acordar mais cedo que o normal, fazer uma mala com os medicamentos matinais, tomar um café da manhã adequado, fazer os tratamentos de fisioterapia respiratória e enfrentar o trânsito — tudo antes de chegar ao hospital. Esses dias são estressantes, mas diante de toda a ansiedade, é possível ter bons momentos de convívio e fortalecer os relacionamentos. Dentro do carro, enquanto faço os tratamentos respiratórios, ouço o que minha família fala. O caminho favorece as conversas, as risadas e as dancinhas quando toca uma música boa.
Quando chegamos ao hospital, em primeiro lugar, vou para o laboratório para realizar os exames de sangue. Depois essa etapa, desço o longo corredor até o setor de radiologia. Quando sou chamada, faço a primeira posição: em pé, aproximo meu tórax do aparelho de imagem. Em seguida, viro para a esquerda, com o tórax em frente à placa para a segunda imagem. Depois vou para o fundo da sala, de onde a minha família está me observando.
Gosto de pensar que depois de 26 anos consigo ler e imaginar ou pelo menos perceber diferenças e semelhanças entre as imagens, minha família sente o mesmo e juntos conversamos sobre a imagem de raio x, enquanto aguardamos o atendimento da equipe e pensamos nas perguntas que faremos a eles.
A última parte são os testes de função pulmonar. No início, sou orientada a respirar normalmente duas vezes e na terceira vez respirar fundo para encher os pulmões o máximo possível, e em seguida empurrar imediatamente todo o oxigênio para fora com a maior força possível até que os pulmões estejam completamente vazios. Enquanto faço isso, meu irmão, minha mãe ou meu namorado ficam torcendo por mim e me incentivando a fazer o melhor possível.
Antes do duplo transplante de pulmão eu tinha capacidade pulmonar de 14%, e agora tenho capacidade pulmonar de 56%, graças ao meu doador e à importante presença dos cuidadores na minha vida.
Usando uma máscara, sento na sala de espera , e ali eu vejo vários pacientes que experimentam a vida de maneira parecida com a minha. Sempre me emociona conhecer pessoas que, após o transplante, estão tendo sucesso na vida, e vivem saudáveis. Isso me motiva e me inspira.
Quando me chamam, passo pelas medições de sinais vitais (temperatura, pressão, frequência cardíaca e respiratória, etc.) e depois relaxo na sala de exames. Geralmente como mais alguma coisa, tomo os medicamentos matinais, e se possível tiro uma soneca. Muitas vezes meu irmão e eu dormimos abraçados na mesa de exame, e roncamos.
Em geral, conseguimos prever se vou ser internada ou não, mas às vezes as notícias vêm de surpresa. A internação é para me proteger e evitar problemas no futuro. Os profissionais da saúde estão sempre cuidando  do futuro da minha saúde, para aumentar minha quantidade e qualidade de vida. Apesar de eu saber como paciente, que minha equipe está cuidando dos meus interesses, ouvir as palavras “você ficará internada” pode ser doloroso. Pode até ocasionar sentimentos de culpa por não ter me mantido saudável por mais tempo, por ter “dado passos para trás” na minha recuperação e sobrevivência ao transplante.
Enquanto espero no departamento de admissão, frequentemente faço as ligações necessárias para reagendar meus compromissos, cancelar reuniões e pedir à família que altere os planejamentos de visitas e me apoiem. Procuro me manter ocupada enquanto espero, e sempre tem alguém querido ao meu lado.
A internação no hospital abre muito espaço para desenvolver meus relacionamentos com as pessoas que vêm me visitar e fazer companhia. Essa situação faz desaparecerem as distrações diárias e ajuda na  comunicação. Demonstra também claramente quem são os meus amigos verdadeiros e quais são os amigos que preferem estar por perto somente nos momentos felizes e saudáveis.
Viver com uma doença crônica significa ter de enfrentar vários momentos difíceis da doença. No entanto, nem tudo é ruim. Essa situação pode nos ensinar a sermos gratos pela beleza de todos os dias, que vai muito além das quatro paredes brancas do hospital.
 
Fonte: https://cysticfibrosisnewstoday.com/2017/05/04/praising-unexpected-hospital-admissions/
Traduzido por Vera Carvalho, voluntária de tradução para o Instituto Unidos pela Vida. Vera é tradutora profissional com especialidade na área científica (carvalho.vera.carvalho@gmail.com).
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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