35ª Conferência Norte-americana de Fibrose Cística compartilha pesquisas sobre sono, ansiedade e infertilidade entre pessoas com fibrose cística
Comunicação IUPV - 08/12/2021 11:53Nos dias 03 e 05 de novembro de 2021 foi realizada, de maneira online, a 35ª Conferência Norte-americana de Fibrose Cística, a National American Cystic Fibrosis Conference (NACFC), evento realizado pela Cystic Fibrosis Foundation. Clique aqui e saiba tudo sobre o primeiro dia de atividades e aqui para conferir os debates do segundo dia da Conferência.
A principal palestra do terceiro e último dia de evento foi marcada pelas novidades farmacêuticas apoiadas pela Cystic Fibrosis Foundation. Dessa vez, abordaram também os medicamentos que podem ser utilizados por toda a população com fibrose cística, e que tem como alvo outras moléculas do corpo e não o gene CFTR, como por exemplo, o canal da proteína TMEM16A, que possui a mesma função do CFTR e pode ser explorada de maneira mais eficaz para o tratamento da doença.
Sono, ansiedade e depressão
Durante a Conferência, pesquisadores relataram que até metade das pessoas com fibrose cística apresentam problemas com o sono, sendo que 25 a 48% reportaram insônia em algum momento da vida e que 25 a 55% informaram ter problemas para respirar ao dormir.
Além disso, pesquisadores da Itália mostraram que os níveis de ansiedade e depressão em pessoas com fibrose cística e seus cuidadores são 35% maiores do que na população em geral, e os resultados demonstraram que esses níveis não se alteraram durante a pandemia causada pela covid-19. Pesquisadores no Canadá estão tentando identificar esses níveis em crianças abaixo de 12 anos. Hoje, a Cystic Fibrosis Foundation orienta que uma análise anual sobre esse assunto seja realizada em todas as pessoas com fibrose cística a partir dos 12 anos, mas os pesquisadores acreditam que antes disso já é possível identificar e iniciar o tratamento em crianças.
Outras pesquisas
Sobre a infertilidade masculina, presente em até 98% dos homens com fibrose cística, os pesquisadores informaram que, quanto antes for dito para esses indivíduos sobre a possível infertilidade, mais fácil e menos frustrante será para eles lidar com a situação. Estudos mostraram que homens que descobriram sobre sua infertilidade com idade entre 16 e 19 anos tiveram um sentimento de indiferença com o diagnóstico, porém, aqueles que descobriram com idade entre 24 e 27 anos se sentiram frustrados e tristes com a notícia, além de vivenciarem uma perda de confiança na equipe médica, por não terem explicado sobre o assunto antes.
Outros dados apresentados mostraram que pessoas com fibrose cística têm maior risco de fraturas ósseas. Um estudo afirmou que 23% dos indivíduos diagnosticados com a doença apresentam quadros de osteoporose. Esse risco é aumentado por conta da baixa absorção de vitamina D, baixo índice de massa corpórea, atraso na puberdade, uso de corticóides, baixa adesão a atividade física, entre outros. Além disso, essa relação progride com a idade, quando o risco de ter osteoporose aumenta.
Assim, finalizamos mais um ano da Conferência Norte-americana de Fibrose Cística, a National American Cystic Fibrosis Conference (NACFC), evento que nos trouxe grandes novidades em relação aos moduladores, mais informações sobre o progresso em direção a cura, boas notícias sobre a resposta das pessoas com fibrose cística frente à pandemia da covid-19, e muita esperança.
Texto produzido por: Mariana Camargo, colunista do Unidos pela Vida biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.
Referências: Essas informações foram retiradas das seguintes palestras da 35ª National American Cystic Fibrosis Conference (NACFC): P3– *Expanding the Horizon of Therapies for the Underlying Cause of CF, S27-PT&RT: *Sleep Disorders in CF: Identifying, Consulting, & Treatment, W24–SW/PSYCH: Psychosocial Research Showcase e L&L07–CLIN: Bone Disease
Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.